segunda-feira, 31 de maio de 2010

Oficina de Português - Música

OFICINA DE PORTUGUÊS: Trabalhando com a música.
Público alvo – Educandos do Projeto Tempo Integral na Escola.
Duração: 3 módulos/aulas
Recursos: TV, DVD, folhas impressas, jornal, material para cartazes,...
Período: 28/05/2010 e 31/05/2010

Justificativa
Um dos desafios que os educadores encontram no cotidiano da sala de aula é o trabalho com o texto poético. As justificativas são inúmeras, desde a ausência de motivação e interesse dos educandos em ler o referido tipo de texto, como à falta de conhecimento, formação dos professores para desenvolver propostas com a poesia ou músicas.

Objetivos:- Estimular a prática de leitura de poemas; promover a aproximação do educando com o texto poético; favorecer o desenvolvimento da criatividade, sensibilidade, imaginação através da leitura do texto poético.

Metodologia:

1º Momento:Para motivar o início da aula, o educador traz para sala de aula uma bola e propõe a brincadeira "Perguntas e Respostas", que consiste em fazer uma pergunta e jogar a bola em direção ao educando para que ele responda a pergunta. Para começar a brincadeira é importante que o educador faça a pergunta para direcionar a temática que será discutida.
Que tipo de jogos eles mais gostam? Por quê?
Quais os maiores problemas que eles enfrentam nas partidas?
Que jogos participam meninos e meninas?
Como eles vêem o futebol feminino?
O que eles aprendem com os jogos?
Quais os melhores jogadores da sala, do colégio, de Minas Gerais e do Brasil?
O que acham dos salários dos jogadores brasileiros?
OBS: A discussão deve ser ampliada como forma de conhecer o nível de compreensão da turma sobre a temática.

Música: É uma Partida de Futebol (Skank)
Essa música aborda a relação entre o futebol e a situação sócio-econômica da maioria da população brasileira. O compositor através de um ritmo que contagia boa parte da juventude consegue mostrar a contradição que existe entre a miséria dos favelados e o sonho que a maioria da população tem de ser jogador de futebol. Essa discussão nos parece pertinente, haja vista que desde cedo precisamos contribuir com a formação de pessoas que pensem criticamente sobre essa realidade para reconstruí-la com base em outros princípios.

2º Momento:Distribuição do poema em folhas impressas. Neste momento o educador distribui o texto sem tecer considerações, apenas orienta que todos leiam silenciosamente uma ou mais vezes. O tempo para a leitura é fundamental para que os educandos se familiarizem com o poema. Posteriormente o educador deve abrir o espaço para realização da leitura em voz alta pelos educandos. Depois, o educador faz a leitura de forma expressiva. Após esse momento de leitura partilhada os educandos são motivados a apresentarem suas impressões, sentimentos, opiniões sobre o poema:

É Uma Partida De Futebol -
Skank
Composição: Samuel Rosa e Nando Reis

Bola na trave não altera o placar/Bola na área sem ninguém pra cabecear/Bola na rede pra fazer o gol/Quem não sonhou em ser um jogador de futebol?

A bandeira no estádio é um estandarte/A flâmula pendurada na parede do quarto/O distintivo na camisa do uniforme/Que coisa linda é uma partida de futebol.

Posso morrer pelo meu time/Se ele perder, que dor, imenso crime/Posso chorar, se ele não ganhar/Mas se ele ganha, não adianta/
Não há garganta que não pare de berrar.

A chuteira veste o pé descalço/O tapete da realeza é verde/Olhando para bola eu vejo o sol/Está rolando agora, é uma partida de futebol.

O meio-campo é lugar dos craques/Que vão levando o time todo pro ataque/O centroavante, o mais importante/Que emocionante, é uma partida de futebol.

O meu goleiro é um homem de elástico/Os dois zagueiros têm a chave do cadeado/Os laterais fecham a defesa/Mas que beleza é uma partida de futebol.

Bola na trave não altera o placar/Bola na área sem ninguém pra cabecear/Bola na rede pra fazer o gol/Quem não sonhou em ser um jogador de futebol?

O meio-campo é lugar dos craques/Que vão levando o time todo pro ataque/O centroavante, o mais importante,/Que emocionante é uma partida de futebol !

Utêrêrêrê, utêrêrêrê, utêrêrêrê, utêrêrêrê

O que acharam do texto?
Que verso gostaria de destacar? Por quê?
Que sentimentos, idéias o poema faz surgir?
Quem gostaria de reler algum verso?
Postar comentário sobre a música e sobre a copa do mundo.

3º Momento
Os educandos serão convidados a assistirem e ouvirem a música em DVD. Nesse momento os alunos poderão cantar juntos, expressando assim seus sentimentos e entendimentos com relação à música em estudo.
http://www.youtube.com/watch?v=A--0X-O7-x8

4º Momento:Dividir a turma em grupos com tarefas diversificadas. Nessa situação é importante que se organize o espaço da sala de aula, afastem-se as carteiras para que os grupos sentem no espaço adequado e possam desenvolver as atividades propostas.Trabalho em grupo - Descrição das atividades
Grupo1: Montar e ensaiar o jogral (Discutir e distribuir as falas, escolher o cenário, que no caso pode ser um campo. Os educandos devem usar a criatividade para transformar a sala de aula em um campo).
Grupo 2: Confeccionar bolas de meias (Trazer o material necessário para construção das bolas de meias e criar um espaço para brincar com elas).
Grupo 3: Montar um painel com a música em estudo. Ilustrar as estrofes com materiais diversificados.

Avaliação
Apreciação dos trabalhos desenvolvidos e expostos na escola e no decorrer do desenvolvimento das atividades. Pode-se propor também uma produção textual com o tema em estudo.

OBS: Para ampliação desse trabalho, o educador poderá apresentar outros tipos de textos que abordem a temática jogo de bola, como por exemplo músicas, crônicas e outros tipos de textos.Sugestões para a complementação do trabalho:1- Música: Bola de Meia Bola de Gude (
Milton Nascimento) Poderemos ouvir a música, depois cantar, conversar sobre as impressões que ela nos traz. Refletir sobre quem é esse menino? Quem é a bruxa? Que verso ou estrofes eles gostariam de destacar ? Escolher uma das estrofes para ilustrar. Explicar os motivos da escolha. Pensar sobre as coisas bonitas que o menino acha que nunca deixarão de existir. Montar um debate com a temática: A Amizade, o respeito, o caráter, a bondade, a alegria e amor sempre irão existir? A escolha dos debatedores será feita pelos educandos. Convidar representantes da escola para participar desse momento. Marcar um horário com a turma para jogar bola de gude e bola de meia.

Bola de Meia Bola de Gude
Milton Nascimento

Há um meninoHá um molequeMorando sempre no meu coraçãoToda vez que o adulto fraquejaEle vem para me dá a mãoHá um passado no meu presenteUm sol bem quente lá no meu quintalToda vez que a bruxa me assombraO menino me dá a mãoEle fala de coisas bonitasQue eu acredito que não deixarão de existirAmizade, palavra, respeito, caráter, bondade, alegria e amorPois o nosso meninoNão quer viver como toda essa gente insiste em viverPois não posso aceitar sossegado qualquer sacanagemIsso é coisa normalBola de meiaBola de gudeO solidário não quer solidãoToda vez que a tristeza me alcança o menino me dá a mãoHá um meninoHá um molequeMorando sempre no meu coraçãoToda vez que o adulto fraquejaEle vem para me dá a mão.

2- Crônica: O Torcedor (Carlos Drumond de Andrade)
No jogo de decisão do campeonato, Eváglio torceu pelo Atlético Mineiro, não porque fosse atleticano ou mineiro, mas porque receava o carnaval nas ruas se o Flamengo vencesse. Visitava um amigo em bairro distante, nenhum dos dois tem carro, e ele previa que a volta seria problema.O Flamengo triunfou, e Eváglio deixou de ser atleticano para detestar todos os clubes de
futebol, que perturbam a vida urbana com suas vitórias. Saindo em busca de táxi inexistente, acabou se metendo num ônibus em que não cabia mais ninguém, e havia duas bandeiras rubro-negras para cada passageiro. E não eram bandeiras pequenas nem torcedores exaustos: estes pareciam terem guardado a capacidade de grito para depois da vitória.Eváglio sentiu-se dentro do Maracanã, até mesmo dentro da bola chutada por 44 pés. A bola era ele, embora ninguém reparasse naquela esfera humana que ansiava por tornar a ser gente a caminho de casa.Lembrando-se de que torcera pelo vencido, teve medo, para não dizer terror. Se lessem em seu íntimo o segredo, estava perdido. Mas todos cantavam, sambavam com alegria tão pura que ele próprio começou a sentir um pouco de flamengo dentro de si. Era o canto? Eram braços e pernas falando além daboca? A emanação de entusiasmo o contagiava e transformava. Marcou com a cabeça o acompanhamento da música. Abriu os lábios, simulando cantar. Cantou. Ao dar fé de si, disputava à morena frenética a posse de umabandeira. Queria enrolar-se no pano para exteriorizar o ser partidário que pulava em suas entranhas. A moça, em vez de ceder o troféu, abraçou-se com Eváglio e beijou-o na boca. Estava batizado, crismado e ungido: uma vez Flamengo, sempre Flamengo.O pessoal desceu na Gávea, empurrando Eváglio para descer também e continuar a festa, mas Eváglio mora em Ipanema, e já com o pé no estribo se lembrou. Loucura continuar flamengo a noite inteira à base de chope, caipirinha, batucada e o mais. Segurou firme na porta, gritou: "Eu volto, gente! Vou só trocar de roupa" e, não se sabe como, chegou intacto ao lar, já sem compromisso clubista.(ANDRADE, Carlos Drummond. De conto em conto, v. 2. São Paulo: Ática, 2001.)

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